sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Histórias




O Call Center é um lugar super LGBT. Lá se convive com pessoas de todos os tipos. É interessante perceber tantos evangélicos convivendo com tantos gays. Isso é muito bom. Ao mesmo tempo, o que é ruim, sou abrigado a conviver com pessoas mal humoradas. Uma operação de Call Center é uma atividade estressante, porém, isso não significa que alguém que entre num elevador, estressado, tenha o direito de chamar a controladora do elevador de louca. Isso eu acho um absurdo. Vá descontar o estresse com sexo porque pelo amor de Deus...
Já disse por aqui que a minha operação é a do DER. Cada turno de nossa operação funciona com sete operadores. Ao entrar na minha operação, me deparo com vários tipos de pessoas e histórias. Cada indivíduo traz uma história diferente. A começar pela supervisora da operação do DER, uma historiadora muito simpática. Uma das minhas companheiras de operação é uma oceanógrafa que estudou em Santos e promove festas em BH. Passa as “horas vagas” no call center. Algumas histórias são trágicas. Tenho um companheiro de operação que já tentou suicídio e, por incrível que pareça, eu acho que ele é a pessoa mais legal naquela operação, no meu turno. Acredito que ele esteja numa “fase boa”.
Outro está passando maus bocados. A esposa o abandonou e, como se não bastasse, lhe entregou ele os três filhos sem prestar nenhum tipo de assistência. Ela não sabe o mal que causará para o desenvolvimento dessas crianças. E além do mais, ele está muito mal, tendo que trabalhar em dois empregos para dar conta dessa batalha.
Cada um tem a sua história. Podia ficar o dia todo a conversar com eles porque acho muito interessante como tanta gente diferente, diferente mesmo, consegue se coordenar num trabalho de equipe um tanto extenuante.

domingo, 12 de setembro de 2010

Operador de Call Center



Eu estava andando pela avenida Afonso Pena num dia muito ruim porque eu estava sem nenhum puto no bolso. Daí surgiu a ideia de me inscrever para uma entrevista para trabalhar como operador de call center da A e C. No dia seguinte, fui lá no RH da A e C fazer a entrevista e a redacção. O processo foi bem rápido já que eles têm uma demanda muito grande de funcionários. A psicóloga apresentou rapidamente a A e C, falou o que a A e C vende para outras empresas e as vantagens de fazer parte da A eC. Daí, ela nos mandou preencher uma ficha e fazer a redacção. O que aconteceu depois foi que grande parte da turma foi fazer exame médico numa empresa de RH fora da A e C e outra parte fez os exames dentro da A e C no dia seguinte. Eu fiquei pra fazer os exames no dia seguinte dentro da A e C. Foram vários exames... pressão, audiometria, exame médico e teste de personalidade. Fui pra uma sala de espera e aguardei a psicóloga dizer que eu e mais alguns iríamos trabalhar na operação do DER. De novo na rua da amargura fiquei esperando a AeC me ligar para começar o treinamento do DER.

Desde o fim do feriado estou realizando esse treinamento com os instrutores da AeC. Eles apresentaram até o momento as normas de segurança da AeC, regras de conduta dos OCC e normas de comportamento dentro dos sites da AeC. Semana que vem vou começar o treinamento com a equipe do DER. Eles vão nos instruir sobre o funcionamento dos softwares e como buscar as informações para os usuários do DER. Basicamente, a operação consiste em colher reclamações sobre as estradas, informar a situação das estradas aos motoristas e horário de ônibus aos usuários. É uma operação muito simples e o treinamento é muito curto. Tudo que temos de informar está contido no site do DER, só que quem está na estrada a pedir uma informação não possui um PC para realizar a consulta, porém, possui um telefone e pode ligar para a AeC, onde realizaremos as pesquisas no site.

Sem a parte de apresentação da A e C, o treinamento dura cinco dias. Porém, é um treinamento puxado. Cada dia de treinamento dura exatamente uma jornada de trabalho de um OCC, que são 6h20 diárias. Acho que isso é para os intrutores terem ideia de como os OCC's vão se comportar durante uma jornada de 6h20, já que ainda estamos em processo selectivo. Temos que realizar todos os dias uma prova ou mais, e devemos acertar oitenta por cento da prova. Não é nada muito difícil já que ser OCC não é também uma coisa muito difícil. Mas pode ser que ainda eu nem passe nessas provas. Pode ser que eu não tenha 80 por cento do rendimento dessas provas.

Os instrutores são muito bem preparados, eles sabem o que dizem porque passaram muito tempo trabalhando como OCC, só que lhes faltam organização quanto aos recursos didáticos a serem utilizados. Eles têm o planejamento das aulas quanto ao conteúdo, que é padrão, só que não planejam as aulas quanto aos recursos didáticos. Planejar os recursos didáticos de uma aula tornaria o treinamento excelente e sem desperdício de tempo. Infelizmente esse tipo de conhecimento só é adquirido num curso de licenciatura onde passamos grande parte do curso a planejar cursos e aulas.

Isso tudo tem me chamado a atenção para o mundo dos call centers. Eu guardava muito preconceito quanto aos OCC's, mas tenho percebido que é uma atividade necessária e complexa e que sempre existirá uma demanda muito grande de funcionários. É preciso contratar pessoas que saibam lidar com tecnologia, computadores, etc. Essa atividade envolve muita tecnologia, muitos funcionários e possui muitos problemas também, como todo setor de atividade humana. Cada PC e telefone de um OCC está conectado a vários computadores servidores de grande porte. Cada servidor realiza uma função específica como armezenar softwares, dados de clientes e gravação de ligações, por exemplo. Um dos problemas dos call centers é a rotatividade muito grande de funcionários. Ao mesmo tempo que se contrata muita gente, muita gente é demitida. Apesar do salário não ser "grande coisa" para um OCC, entrar em contato com esse mundo tem sido importante...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Causalidade e Direção do Tempo


A importância do livro de Aguiar está em introduzir no Brasil o debate contemporâneo em torno da idéia de causa. Nesse livro, Aguiar procura mostrar como a direção da causação não pode ser invertida. Ele parte da idéia metafísica de que o mundo possui feições assimétricas e a causação deve representar essa imagem do mundo. Por exemplo, se lançamos uma pedra num lago, veremos, a partir do momento que a pedra toca o lago, a formação de ondas concêntricas que se afastam do ponto de onde a pedra tocou o lago, porém, nunca vamos ver as ondas voltando para o centro e a pedra sendo expulsa do lago. Isso não ocorre porque o tempo é assimétrico. Porém, qual estrutura causal explica esse caráter assimétrico do tempo? Essa estrutura tem que ser assimétrica também, para mostrar que sempre a causa segue ao efeito e nunca do efeito para a causa. Aguiar mantém na causação a noção de assimetria entre causa e efeito e procura criticar aquelas teorias da causação que admitem a tese da simetria. Ao mesmo tempo em que as teorias não são assimétricas em relação ao tempo, elas possuem graves equívocos epistemológicos. Vamos citar apenas alguns deles, análises mais profundas podem ser encontradas no livro.

Toda a análise da idéia de causação parte da idéia de causa de Hume. Uma das definições de causa de Hume diz que é “um objeto precedente e contíguo a outro, tal que todos os objetos semelhantes ao primeiro são colocados em uma relação semelhante de prioridade e contigüidade com os objetos semelhantes ao último.” (Hume, 1739, p. 172 apud Aguiar, 2008, 42). Nesse sentido, a noção de causa é assimétrica, ou seja, para que um evento seja causa de outro evento é necessário que ele seja anterior ao evento que ele propõe ser a causa.

Mas a anterioridade no tempo de um evento em relação a outro evento não é suficiente para garantir uma relação causal entre dois eventos. A investigação da noção de causalidade ainda possuía, para Hume, um aspecto psicológico, mas a tradição da investigação sobre a noção de causalidade do empirismo lógico tratou de substituir por aspectos lógicos, epistemológicos e pragmáticos, o que gerou um programa amplo se discussão em torno da causação que ganha cada vez mais força, inclusive no pensamento atual. Essa tradição possui um enfoque regularista da noção de causalidade. O livro de Aguiar investiga os aspectos dessa tradição filosófica regularista da causação. Os trabalhos sobre a causação nessa tradição se preocupam em tratar dos aspectos causais contidos nas explicações científicas.

Segundo Aguiar, a tradição regularista sempre parte da análise do Modelo Nomológico Dedutivo de Hempel (N-D) para a explicação científica. N-D possui uma estrutura causal que nos remonta a Hume. N-D constitui um esquema formal, como se fosse um argumento lógico em que as premissas são as condições iniciais do fenômeno e as leis gerais que constituem o explanans; e o explanandum, que é inferido do explanans, e é a conclusão do argumento. Segundo Hempel, N-D pode ser usado tanto para a explicação científica, que trata de fenômenos já acontecidos quanto para prever os fenômenos, portanto, N-D é simétrico em relação ao tempo, porém ainda utiliza de uma estrutura causal em que o antecedente vem anteriormente ao conseqüente, herdado da definição de causa de Hume, o que gera um problema, já que isso é uma relação assimétrica, em que a causa vem antes do efeito. Aqui temos configurado o problema de sustentar uma tese simétrica sobre uma estrutura assimétrica, problema que somente terá uma solução após um exame das teorias da causação existentes e uma exibição da noção de que a estrutura pura de uma causa sempre é assimétrica e toda estrutura que se propõe simétrica e que é construída sobre uma estrutura causal é problemática.

A teoria da transferência da causação mantém a idéia de que uma quantidade de energia ou de matéria é transferida da causa para o evento que constitui o efeito. Assim, é possível traçar o caminho seguido da causa para o efeito a partir do efeito, porque nessa transferência deixou evidências. Essa teoria é boa para lidar com problemas de preempção, em que duas causas levam ao mesmo efeito, já que uma única causa realmente levou ao efeito.

Para a teoria da agência, há a necessidade de um agente para fazer acontecer um evento A e esse evento ser a causa de um evento B. O problema da teoria da causação da agência é que ela introduz novamente a metafísica do sujeito como iniciador dos processos causais, o que retira o foco de atenção em relação ao enfoque regularista da causação.

A teoria contrafactual de Lewis lida com a concepção de mundos possíveis. Dentre os vários mundos possíveis, existem aqueles que estão mais próximos do nosso mundo e, portanto, as proposições sobre esses mundos têm mais chances de serem verdadeiras. A causação contrafactual afirma que uma relação causal, para ser verdadeira, necessita de que a causa esteja presente num mundo possível próximo ao nosso mundo. Esse mundo deve ter leis de funcionamento não muito discrepantes das do nosso mundo para que um mínimo de verdade seja preservado.

Uma das características da causação contrafactual é que ela não preserva a assimetria, permitindo uma causação retrocedente. Uma causa determina um efeito assim como um efeito determina a sua causa. Nesse sentido, essa teoria não é muito boa para estabelecer a direção do tempo, que é assimétrica. Na assimetria, o passado está fechado a qualquer determinação, permanecendo, portanto, indeterminado. A não ser que seja estabelecido um mundo possível em que isso ocorra. Porém, ocorrendo num mundo possível não é o mesmo que ocorrer no nosso mundo, já que o nosso mundo é essencialmente assimétrico.

As teorias probabilísticas da causação são aquelas que lidam com a possibilidade de uma causa aumentar a probabilidade de um efeito acontecer. Porém, a causação probabilística esbarra nos problemas clássicos dos erros indutivos, ou dos erros estatísticos, em que, considerando a causa como um todo, podemos chegar a um determinado resultado, mas se compartimentarmos as causas, os efeitos serão contrários. Entre outros erros epistemológicos possíveis, a causação probabilísticas se torna inviável para uma boa teoria da causação se esses erros não forem tratados.

Uma boa teoria da causação deve assumir a assimetria como real e também assumir a adequação empírica como único critério objetivo. Aguiar propõe que a melhor teoria seria a abordagem situacional da causação de Horwich. Essa teoria assume a tese de assimetria, além disso, essa concepção está de acordo com uma pragmática da explicação. Não importa qual teoria da causação estrutura uma explicação, desde que ela tenha uma adequação empírica e dê conta de explicar os fenômenos, complementa Aguiar referindo-se ao nominalista van Fraassen. Essas demandas pragmáticas não conseguem inverter a assimetria e, portanto, se vinculam à abordagem situacional. A abordagem situacional é útil para a geração de uma explicação assimétrica já que não podemos explicar as causas a partir dos efeitos, somente o inverso é válido.

A abordagem situacional de Horwich permite que consideremos uma rede causal não muito longa. Por exemplo, para explicar como um fósforo se acendeu não pecisamos traçar uma rede causal de remonta ao big bang. A abordagem situacional é uma tentativa de sistematizar o circuito causação, lei, explicação e dependência contrafactual mantendo a tese da assimetria. Ela é pragmática enquanto que ela se utiliza de qualquer uma das abordagens acima para garantir que se construa a explicação de um fenômeno, o que demonstra ser um programa amplo e bom o bastante para construir uma teoria da causação. Porém, a abordagem situacional é o primeiro passo a para se entender do ponto de vista filosófico as teses de assimetria. A assimetria temporal é uma delas, porém, ainda existem assimetrias como a da explicação e da entropia, por exemplo, todas esperando uma resposta filosófica que no estado da arte da causação oscilam entre a simetria e a assimetria.

Data Trash

Data Trash é um livro que investiga o fetichismo por trás da realidade virtual. O que leva um casal de adolescentes a postarem para o mundo virtual cenas de sexo no TwitCam? O que leva a uma mulher traída a postar o knockout dado na amante do marido no YouTube? O que leva as pessoas a consumirem tecnologia? Entre outras barbaridades comuns no mundo virtual, o que está por trás de atos como esses é o desejo de virtualização, aquilo que sustenta a cultura digital.

Data Trash é um livro de teoria crítica sobre a cultura digital que segue a linha nietzschiana de pensamento. Aqui, Nietzsche tem um net book e um modem. Nietzsche pensava que o ideal ascético retirava o homem do mundo em que vive, negando a vida em prol de algo que nem se sabe se existe como a vida eterna fora do mundo. Na verdade, o ideal ascético é uma das utilidades da vontade de potência. Se não podemos realizar os nossos desejos aqui nesse mundo trágico que ao mesmo tempo nos dá prazer e dor, então projetamos a existência de um mundo além através da vontade de potência, vivemos a ascese moral nesse mundo negando todos os prazeres da carne. Matando-nos, fazemos nossas malas e nos mudamos para o mundo imaginário do além-vida. O mesmo acontece na era digital em Data Trash. A vontade de potência aqui é isomorfa ao desejo de virtualização.

A frase da capa nos diz: “a cheirar as flores virtuais e a contar os mortos por atropelamento da supervia digital”. Os mortos são aqueles que se matam em vida para viver o ideal ascético proporcionado pela realidade virtual. A carne dos mortos, o que tem de real, é aquilo que faz o asfalto do caminho que leva a todos para dentro da realidade virtual, o paraíso em que os histéricos partidários da experiência telemática nunca querem sair. O mundo virtual é uma espécie de mundo inexistente, produto de um emaranhado de fibra ótica e impulsos elétricos. O mundo virtual está devidamente armazenado em bancos de dados espalhados pelo mundo. O mundo digital progride no estado da arte de designers, computação e de efeitos psicológicos feitos para nos determos cada vez mais dentro dessa realidade.

O papel do mundo virtual é proporcionar uma experiência, a experiência telemática do corpo, um corpo sem corpo que pode realizar tudo o que quiser no mundo virtual. Lá a pessoa pode ter prazeres que nunca teria na realidade, pode ter milhares de amigos que nunca irá conhecer na vida real. Sexo sem contato... Redes de amigos... Pseudônimos... Plataforma Moodle... Wikipedia... Na verdade, a pessoa pode morrer em vida, desde que continuem vivas as suas experiências do corpo telemático. A realidade virtual é o software. O nosso corpo, a nossa vida comum, é o hardware. Curiosamente, o software nega a existência do hardware nesse caso, matando-o metaforicamente.

Assim como o padre asceta, o tecnocrata digital é o responsável por nos determos dentro do mundo digital. Existem dois tipos de tecnocratas digitais. Os visionários que fazem o prospecto daquilo “que podem ganhar” com a realidade virtual de modo a nos determos cada vez mais dentro dessa realidade em prol de “um sistema operacional amigável” ou de uma rede social qualquer e os cientistas que criam os mecanismos para a sustentação de toda a realidade virtual, são aqueles que fazem a manutenção da supervia digital. Bill Gates, Steve Jobs, todos vendem uma ideologia, a tecnotopia: compre o novo Windows, o novo pacote Office, o novo Mac Book ou o iPhone. Ou compre ou não terá acesso à realidade virtual. Os tecnogratas detêm a ideologia: a tecnotopia.

Os tecnocratas são os detentores do poder hoje porque hoje tudo é informação. A informação está armazenada em algum data wirehouse da Sun Micro Systems, ou em algum Mac Book, ou foi processada no pacote Office ou manipulada por um banco de dados criado por algum pacote de desenvolvimento da Embarcadero Technologies, etc. Deter o conhecimento tecnológico para o lucro? Não. Porque dinheiro é apenas mais um bit num campo de banco de dados.

A supervia digital é como se fosse uma estrada. Tomamos uma estrada porque estamos interessados em ir para algum lugar, o mesmo acontecendo com quem entra na supervia digital. O endereço é a realidade virtual que não está em lugar nenhum, é apenas produto de um circuito elétrico comandado pelo tecnocrata. Aqueles que entram na supervia digital pagam o pedágio ao tecnocrata, são atropelados e mortos, da sua carne é feito o asfalto que leva à realidade virtual. Tomamos o rumo da realidade virtual pela supervia digital e nesse momento, negamos a nossa existência enquanto seres reais e podemos ser o que quisermos dentro do mundo digital. Por exemplo, o pedófilo pode ser a criança mais tenra. Lá, o pedófilo mata a sua realidade de um adulto traumatizado e renasce dentro da experiência do corpo telemático da criança sem traumas. Tudo devidamente sustentado pelo desejo de virtualização, pela experiência telemática, pela tecnotopia.

A tecnotopia vende a idéia de que existe uma grande comunidade virtual onde todos se comunicam não importa onde estejam. Nessa comunidade virtual, existem várias possibilidades de interações sociais virtuais. Há comunidades de desenvolvimento virtuais, etc. O que acontece aqui é que a pessoa pode ter várias dessas experiências virtuais, mas pode ser que na realidade da pessoa seja totalmente antissocial. Portanto, a tecnotopia vende a possibilidade de alguém ser algo que não condiz com a sua realidade, e, portanto, não muda em nada a sua realidade. A tecnotopia transforma as pessoas em esquizóides, vivem na borda de um mundo irreal e de um mundo real que estão a negar a todo momento. E pagam ao tecnocrata para isso.

A tecnotopia é contraditória. Tudo resulta em poder para o tecnocrata enquanto que alguém tem uma experiência telemática ilusória. Por trás da tecnotopia estão os ansiosos pela experiência telemática que não aceitam nenhum tipo de crítica, ao mesmo tempo em que compram todas as idéias vindas dos tecnocratas que sustentam a realidade virtual. A idéia é adaptar-se para a realidade virtual e tornar-se um consumidor ávido dessa realidade. Morre-se numa supervia digital que não existe, seduzido por uma elite que detém a informação.

Tudo que é real degrada-se perante a tecnotopia. Uma vez dentro das experiências telemáticas proporcionadas pela realidade virtual, não há mais sentido em realizar os desejos sexuais mais infantis no mundo real. Tudo está a um clique. Tudo é infantilizado para sermos pegos pelos desejos mais infantis.

Não há, para a tecnotopia, fronteiras internacionais. A tecnotopia instalou a economia virtual, o capitalismo a toda a parte, o “capitalismo da Nintendo” em que os mecanismos perversos do capitalismo real são mapeados em sistemas capitalistas irreais do mundo virtual. Pague com o seu cartão Visa para ter acesso à determinada informação ou realização do desejo ou não entrará na comunidade. Tudo roda sobre o software do capitalismo virtual. Uma vez sobre o capitalismo virtual, nenhum valor cultural é mantido, tudo é recombinado, implementado e criptografado. Análises mais profundas sobre a economia virtual podem ser encontradas no livro.

O objetivo tecnotopia é seduzir. Esse processo ocorre pelas imagens. As imagens não possuem um valor artístico nesse caso. Elas apenas são propagandas, para nos tomar por aspectos emocionais. Cada imagem é um link que nos leva para dentro da realidade virtual. Qualquer coisa que venha a ser representada é liguidificada em códigos, em rotinas de programação úteis para nos direcionar ao caminho do pedágio do tecnocrata.

O livro termina com uma reflexão sobre história e a realidade virtual. A história é um arquivo de dados virtual onde estão contidos os que foram seduzidos pela experiência telemática. Nesse caso, a história é uma grande experiência telemática. O corpo é capaz de ser recombinado através de códigos dentro dessa história, recortado, copiado e colado. Na realidade, todos estão mortos (metaforicamente). Porém, na realidade virtual, todos podem estar vivos. Tudo acontece como se fosse na atualidade.

No arquivo da história virtual, não há tempo, já que o que está acontecendo na realidade virtual pode ser reprogramado e recombinado infinitas vezes para acontecer de novo e do modo como se quer que aconteça. Isso porque uma história virtual nunca existiu, assim como uma realidade virtual nunca existiu. Porém, o desenvolvimento das tecnologias e o poder sedutor da tecnotopia geram um “fim da história” expresso numa grande realidade virtual atemporal, reprogramável pelo tecnocrata.

Claro, isso é apenas um cenário filosófico, mas que nos chama a atenção para lançarmos um olhar crítico para o que está acontecendo à nossa volta em relação às barbaridades on-line que reverberam em nosso mundo real. Data Trash é uma leitura obrigatória para filósofos, comunicadores e educadores ou para qualquer um que lida com as tecnologias contemporâneas.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

De Volta à Salvador - Concurso Docente do IFBA

Bahia... Bahia... Aquela terra maravilhosa me espera novamente em menos de um mês. Retornarei para fazer a prova de desempenho didático do IFBA. Eu havia feito a inscrição para o Concurso Docente bem em cima da hora, faltando quase três minutos para encerrar as inscrições. Estudei bastante para esse concurso. Sei que a minha prova da primeira etapa não foi boa. Fiz apenas 73,3 pontos, fiquei em quinto. O primeiro fez 95 e alguma coisa. Quase fechou a prova. Haviam mais de 55 candidatos para a vaga que estou concorrendo. Agora são 11. Não vou nem abrir o Currículo da plataforma Lattes desses caras senão eu vou desanimar de fazer ponte aérea, dormir em albergue e dar aula para uma banca. Deus é fiel... Vai valer apena... E, no mínimo, vou tirar muito aprendizado disso tudo...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Salvador



Esses dias eu fiz uma aventura e tanto. Fui à Salvador participar de um concurso muito concorrido para professor de Filosofia do IFBA. Bem, eu havia estudado muito para esse concurso e fui lá fazer a prova escrita. O que me preocupou foi que eu estava com dengue no dia em que viajei para Salvador. Mas os sistomas foram brandos. Apenas um desânimo e o corpo todo manchado de vermelho, o que já era motivo de preocupação. Somente isso deixou a minha viagem meio tensa. Andei de avião pela primeira vez e foi muito bom. Acho que vou virar freguês desse meio de transporte. Chegando em Salvador, fui me hospedar num albergue. Conheci várias pessoas do Brasil e do mundo. Treinei meu inglês e meu françês com os gringos. Na maioria mulheres. O albergue vive lotado de gringos. Na manhã seguinte, no domingo, fui fazer a prova. O IFBA estava lotado. Para a minha surpresa, descubro que um conhecido meu também foi fazer a prova, ele malha comigo na faculdade de educação física da UFMG e estudamos na mesma unidade, a FAFICH. Ele tentou para Sociologia. Espero que tenhamos sorte nessa prova. O tema que caiu pra minha turma no momento do sorteio foi Descartes, o cogito e a importância para o pensamento moderno. Claro que isso envolve o "penso logo existo" e a criação da filosofia do sujeito. O corpo separado da alma, que é o sujeito. A idéia de Deus, liberdade, infinito e de ciência residindo em nós e as paixões sendo captadas pela res cogitans ligadas à res extensa. Disso resultam várias coisas. O universo matematizado é característico da física moderna nascente. Buscar o conhecimento em nós tem a ver com a revolução copernicana da crítica da razão pura. As sensações envolvem o desenvolvimento da consciência moral em Rousseau. O seujeito torna-se a mônada, fechada em si em Leibniz. Sem dúvida, o cogito cartesiano foi revolucionário. Aproveitei uns dias em Salvador para conhecer a praia da Barra e o Pelourinho. Subi e desci o elevador Lacerda. Fui abordado por baianas e ciganas. Comprei lembranças para a minha mãe, prima e sobrinha. Andei por Salvador. Na praia da Barra fui conhecer o Cristo e o Farol da Barra. À noite o local é lindo. Andei com a turma do albergue pelas areias da praia à noite e observei eles jogarem vôlei. Valeu muito a pena essa viagem e garanto que hove um crescimento pessoal muito grande. Espero retornar para realizar a segunda etapa do concurso, que consiste em uma prova didática e a terceira também, que consiste na análise do currículo. E, quem sabe, eu more em Salvador e vire um professor do IFBA. É tudo que eu quero. No momento, o que eu tenho é saldade dessa terra maravilhosa e desse povo tranqüilo. Deus me ajude a passar nessa primeira etapa e que venham as outras!!!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Monte Inverno

Ouço a voz do vento a chamar pelo meu nome
E creio estar sentido a Sua presença
A minha volta
Olhei pra trás e vi meus antigos sonhos
E até chorei, e hoje sinto saudades do que falei
Lamento demais a sua falta.
Eu quero ver o sol atrás do monte
Eu quero ver o brilho que ele traz
Eu quero ouvir de novo a Sua voz!
Eu mudei, nem sinto, nem vejo as coisas como via antes
Meus amigos cresceram, mudaram, ficaram distantes
Perdoe meu choro, é sincero
Mas digo sim, que mesmo confuso, perdido
Esperas por mim
Os meus olhos fechados
Te enxergam bem perto de mim
Espero Te ver nesse inverno.
Eu quero ver o sol atrás do monte
Eu quero ver o brilho que ele traz
Eu quero ouvir de novo a Sua voz!

domingo, 11 de abril de 2010

É preciso conhecer antes de rotular



Um dia desses encontrei uma psicóloga que fazia especialização em estudos psicanalíticos na UFMG. Tivemos uma conversa e ela e perguntou o que eu estudava. Falei que era formado em Filosofia e fazia mestrado em Filosofia da Matemática. Trabalhava com conjuntos, definição de conjunto finito/infinito, ordinais, enumerabilidade, justificações, etc. Daí veio a pergunta: "Mas você é doido?" Falei pra ela que era muito triste que uma pergunta dessas tenha saído de uma pessoa que estudava psicanálise, ainda mais de uma aluna de pós-graduação. O que é diferente sempre gera estranhesa nas pessoas. Mas nunca imaginei que um conhecimento adquirido causasse estranhesa. Se as pessoas não conhecem filosofia, não precisam rotular dessa maneira. Deveriam antes estarem aberta a adquirir um novo tipo de informação, porque muita gente realmente se interessa por filosofia, do mesmo modo que me interessei por psicanálise quando me matriculei nessa disciplina quando cumpri os créditos do mestrado e consegui manter um diálogo interessante com ela a respeito da psicanálise, Freud, Lacan, etc. Se as pessoas nao entendem uma coisa, então não deveriam rotular ou emitir nenhuma opinião antes de conhecer. É como disse Wittgenstein: "Sobre o que não se pode falar, deve se calar."

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Engano e emancipação



Estava eu estudando alguns textos de Nietsche, Adorno, Marx, Platão e Aristóteles para uma finalidade bem específica e que me levantou algumas questões sobre o mundo em que vivemos. Adorno, um filósofo da escola crítica trata muito bem os problemas que o mundo enfrenta hoje, do ponto de vista da sustentação de um sistema perverso que nos inibe, nos nivela por baixo e nos leva à beira do sadomasoquismo não declarado. Casos como esses tão comuns na nossa sociedade desigual onde o que importa mesmo é o "ter" e não o "ser" já que o "ter" precede ao "ser" alguma coisa. As pessoas se envergonham por isso ou ainda são rejeitadas por isso. O que importa é ter dinheiro e o resto da população continua a viver das migalhas que lhe são ofertadas por aqueles que têm. A criatividade humana é totalmente suprimida pela técnica, a ética não existe. A técnica é utilizada para acumular ainda mais, ou seja, para quem tem, ter ainda mais. É muito melhor para o ser humano saber como colocar um auto-forno a três mil graus celsius sem gastar muita energia do que refletir sobre a péssima qualidade da programação da tv, que falta pouco nos chamarem de idiotas. Experimente ligar a tv no sábado a noite para assistir zorra total. Isso mesmo, terá na sua frente um show de idiotice para idiotas como nós. O pior é que toda essa programação "artística" que somos obrigados a engolir sem nenhuma opção existe para manter o "sistema". Toda informação que nos é passada é um meio de dominação do espírito crítico e criativo. Aceitamos cegamente tudo isso porque não nos foi dada nenhuma outra opção. A educação, a primeira opção para nos emancipar, foi redizida à técnica. Não temos mais o humanismo nem dentro das próprias ciências humanas. A criatividade na educação se limitou a demonstração de teoremas e aplicação de teorias à técnica. As músicas contêm melodias que "agradam" aos nossos ouvidos. Experimente escutar uma música americada da Kes$ha, Lady Gaga ou do grupo Black Eyed Peas, a melodia e a técnica podem até agradar a alguns ouvidos "treinados", para não dizer alienados, para a música pop pelas rádios FM espalhadas pelo país. Mas as letras delas são péssimas e se referem unicamente ao erotismo e, novamente, ao dinheiro, ou seja, ao "ter". E a maioria das pessoas que terminam por escutar essas coisas infelismente não "têm" e nem sabem como "ter" e se agradam de todo o besteirol que lhes é apresentado. Portanto, estão imersas na grande mentira. A grande mentira é um labirinto do qual não se sai porque nenhuma alternativa foi dada para sair de dentro dela. Não formamos mais cérebros críticos. A definição de crítica é bem específica. Uma argumentação crítica consiste em analisar um argumento já colocado. Portanto, uma argumentação crítica consiste em raciocinar em cima de um raciocínio. Logo, se não formamos cérebros críticos, também não formamos, pela educação, pessoas capazes de raciocinarem, incapazes de lerem um texto argumentativo mas muito bem treinadas em ler um manual de instrução porque as pessoas não são educadas para a emancipação mas sim para serem técnicas. À população foi negado o ócio. Já dizia Aristóteles que o homem, para ser bem sucedido na pólis necessitaria de algum ócio para cultivar a sabedoria. Todo o ócio foi preenchido pela péssima programação cultural. O trabalho e o trânsito toma todo o tempo do homem. Por fim, ele termina nos fins de semana, escutando novamente as músicas péssimas dos USA ou ao som do rebolation e não conhece nada mais a respeito da sua cultura ou da arte de raciocinar ou, ainda, de ler um bom livro. A emancipação ou a saída de dentro da grande mentira necessida de senso crítico, de menos gargalhadas porque o nosso mundo é um horror, de mais atitude daqueles que ensinam. O homem de hoje estranha algo diferente daquilo que está acostumado a fazer. Sair da mentira não é sair de dentro do capitalismo, mas buscar o melhor para si com o melhor de si. Quer dizer, ter autonomia, ter a capacidade de pensar por si próprio sem a ajuda do patrão na solução dos próprios problemas e nos problemas da comunidade em geral. Ter a capacidade de enchergar tanto o todo quanto as partes do todo, de pensar através da complexidade. Chega de nos enganarmos e vamos buscar a emancipação.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Concurso para o IFET BA

No próximo mês de maio irei à Salvador. Será a primeira vez que vou à Bahia. Vou fazer um concurso para professor de ensino básico, técnico e tecnológico para o institudo federal de educação, ciência e tecnologia baiano. O salário para a dedicação exclusiva à carreira é muito interessante. Porém, enfrentarei a concorrência de 5o e poucos candidatos. Estou estudando muito para essa prova. Limitei as minhas tarefas para dedicar-me aos estudos para esse concurso, que consiste de uma prova escrita, uma prova didática e avaliação de currículo. Espero que dê certo. Os temas da prova não são nada fáceis. Mas nada é impossível. Se eu passar, vai ser carnaval em Salvador todo ano! Que coisa boa. Isso é o que mais me motiva a estudar mais ainda...

quarta-feira, 31 de março de 2010

Musculação e Corrida

Depois que eu voltei de férias da casa de minha mãe eu engordei uns quilos. Mas eu resolvi entrar de novo para a musculação e fazer corrida. Minha ficha de musculação ficou bem mais pesada que a anterior. Já estou na oitava ficha. Agora faço todos os exercícios com duração que, na soma dão 4 segundos concêntricos/excêntricos para cada movimento. Dá um trabalho para fazer toda a ficha... Ainda vou e volto à pé da academia e, no final do treino corro trinta minutos de esteira numa velocidade média de 9,5Km/h. Mesmo assim não fico muito cansado. Depois da musculação, fico com mais pique para estudar. É muito bom, fora que, depois desses dois meses malhando, já dá pra perceber que eu emagreci. Esse ano vão fazer dois anos que estou malhando e correndo. Já cheguei a perder 17Kg. Espero perder, no total, 30Kg, me faltam ainda, portanto, 13Kg. Espero chegar lá firme e forte.

Finalmente, o fim da dissertação

Graças a Deus terminei a dissertação. Mandei por e-mail para o meu orientador. Faltava somente eu fazer a introdução, o terceiro capítulo e a conclusão. A dissertação me consumiu muito intelectualmente, porque eu havia estudado um tema que eu nem cheguei a ver direito na graduação, que é a filosofia da teoria de conjuntos. No terceiro capítulo eu falei do naturalismo na matemática de Maddy. Falei lá de um tipo de estrutura subjacente ao mundo em que vivemos, que possui uma lógica rudimentar que estrutura o mundo. A lógica rudimentar possui uns gaps de valor de verdade em predicados vagos, o que resulta que a lógica rudimentar do mundo estruturado é não-clássica. Mas essa lógica rudimentar não tem nada a ver com estruturas idealizadas da matemática, como a operação em conjuntos infinitos. Portanto, o mundo em que vivemos não suporta uma ontologia matemática, se ele for realmente estruturado nessa lógica rudimentar. Portanto, aí, eu mostro como Maddy acredita numa justificação dos raciocínios matemáticos por meios-e-fins e algumas justificações extrínsecas.
Espero que o meu orientador tenha gostado desse último capítulo.

De novo, minhas aulas de Raciocínio Analítico

Eu havia postado aqui, há um tempo atrás, mais ou menos um ano, a respeito das minhas aulas de raciocínio analítico. Realmente tem muita gente fazendo essa prova. Eu havia feito uma apostila que hoje resolvi modificá-la. Coloquei muito conteúdo de lógica informal tipo formulação de hipóteses, analogias (argumentum ad simili), declive escorregadio (slippery slope), falácia post hoc, modifiquei algumas falácias que já haviam no ttexto que eu tinha feito anteriormente além de colocar algumas estratégias para a resolução de exercícios da prova de raciocínio analítico, principalmente em questões de fortalecimento/enfraquecimento e atenção ao tópico frasal. Os candidatos parecem ter mais dificuldade em questões que envolvem "a melhor inferência", e eu acredito que eles podem resolver melhor as questões com as dicas que coloquei na apostila. Mas como tudo na vida, na maioria das vezes, se aprende pela exaustão, como nos ensina a abordagem comportamental da didática, a apostila agora possui quase todas as provas do teste ANPAD, de raciocínio analítico.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sobre o meu pai

Andando por aí eu estva pensando sobre o meu pai. Ele faleceu no início do mês de dezembro. Ontem fez três meses que isso aconteceu. Nos seus últimos dias de vida eu não pude estar perto. Minha vida tomou um rumo que nos fez afastarmos um do outro. Justifico isso com o meu dia a dia. A perda nos faz pensar. Perder qualquer coisa. Imagino isso como a situação de faltar energia em casa. Quando tem energia, ninguém nota que ela está ali porque aquilo foi incorporado e é normal ter energia. Mas quando a energia acaba, aí sim notamos que ela existe mas não está lá. Precisamos dela ali para nos fazer viver mas enquanto ela estava lá para nos fazer viver ninguém notava a sua presença. Quando a coisa está presente, ninguém nota que ela está lá. Quando a coisa desaparece aí a gente nota que a coisa existia. Muito contraditório. Assim que tenho notado a ausência de meu pai claro, que a dor existencial que isso traz nem se compara com a falta de energia. Mas é assim que aconteceu. Quando ele estava lá, estava tudo bem. Agora ele não está, o que resta é toda a dor da perda. As coisas e as pessoas na nossa vida estão a nossa volta para tapar nossos buracos. Quando o buraco é destapado pela falta do tampão, aí sentimos a presença...

A minha Dissertação

De novo, me encontrei com o meu orientador, o Túlio. Discutimos sobre os textos da minha dissertação referentes aos capítulos 1 e 2 com muita descontração, apesar da profundiade do tema. Filosofia da matemática é uma torre de babel. Se alguém afirma p a respeito da teoria de conjuntos, sempre haverá alguém que afirma ¬p. Até a definição de impredicatividade é complicada porque as duas definições existentes para esse termo são extremas. No primeiro capítulo eu falo sobre teoria de conjuntos e só: Hipótese do Contínuo, Hierarquia Cumulativa, Axiomas de Zermelo-Fraenkel e Motivações não-construtivas. No segundo capítulo eu falo sobre platonismo na matemática e a intuição matemática no platonismo. O platonismo acredita que conjuntos existem fora do espaço e do tempo. Claro que isso tudo pode ser criticado. Acreditar na existência de algo que está fora do espaço e do tempo é a mesma coisa que acreditar que os anjos conspiram a nosso favor sem interagir causalmente conosco. É isso que eu espero mostrar e descrever a hipótese naturalista de Maddy (2007) no próximo capítulo, que ainda está no forno. E, portanto, que venha a defesa!

sábado, 6 de março de 2010

E a bolsa de mestrado acabou

Pois é... Agora o duro é ter que procurar emprego para se manter. Se é assim, que façamos isso numa boa. Mas aquela bolsa que sustentou tanta coisa não tenho mais, desde viagens, bebidas e festas até (é claro) livros e coisas acadêmicas do gênero. A bolsa do CNPq deu pra dar um upgrade legal, valeu a pena. Agora, que venha a defesa da dissertação e o doutorado, porque a bolsa é o dobro e dura quatro anos. Viva a pesquisa brasileira...

Porque coisa boa é ter amigos

Desde que pus os pés em BH conheci algumas pessoas que até agora são muito especiais para mim. Isso porque eles acompanham momentos da minha vida pessoal que são decisivos, aquelas coisas que deixam a personalidade da gente completamente despida e que nos marcam profundamente. A aposta minha na confiança que tenho neles não tem falhado até hoje, simplesmente porque eles me aceitam exatamente do jeito que eu sou. Do contrário, conheci pessoas em BH que não valeram a pena, são pessoas que simplesmente devem ser ignoradas pelo que fazem em nome da perverção. Essas pessoas foram vítmas de crueldades e não sabem fazer outra coisa a não ser crueldade e ainda assim rir da cara de quem estão fazendo sofrer. E tudo isso em nome do preconceito. Às vezes me pergunto por que é que quem sofre preconceito também é preconceituoso. E o pior é quando isso acontece com alguém que está tão próximo de você que habita o mesmo apartamento, ao ponto de tornar a convivência insuportável, uma podridão tão fétida que não tem outra saída a não ser que seja botada para fora. Quer dizer, a coisa fica tão sem jeiot que a melhor decisão é mudar radicalmente. Pois foi isso que eu fiz e, novamente, apostei na confiança e pessoas que valem a pena e não me arrependi em nenhum momento.