quinta-feira, 11 de março de 2010

Sobre o meu pai

Andando por aí eu estva pensando sobre o meu pai. Ele faleceu no início do mês de dezembro. Ontem fez três meses que isso aconteceu. Nos seus últimos dias de vida eu não pude estar perto. Minha vida tomou um rumo que nos fez afastarmos um do outro. Justifico isso com o meu dia a dia. A perda nos faz pensar. Perder qualquer coisa. Imagino isso como a situação de faltar energia em casa. Quando tem energia, ninguém nota que ela está ali porque aquilo foi incorporado e é normal ter energia. Mas quando a energia acaba, aí sim notamos que ela existe mas não está lá. Precisamos dela ali para nos fazer viver mas enquanto ela estava lá para nos fazer viver ninguém notava a sua presença. Quando a coisa está presente, ninguém nota que ela está lá. Quando a coisa desaparece aí a gente nota que a coisa existia. Muito contraditório. Assim que tenho notado a ausência de meu pai claro, que a dor existencial que isso traz nem se compara com a falta de energia. Mas é assim que aconteceu. Quando ele estava lá, estava tudo bem. Agora ele não está, o que resta é toda a dor da perda. As coisas e as pessoas na nossa vida estão a nossa volta para tapar nossos buracos. Quando o buraco é destapado pela falta do tampão, aí sentimos a presença...

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