sábado, 14 de novembro de 2009

Liberdade de ser

A caminho do processo seletivo que eu iria enfrentar no colégio Magnum Agostiniano, eu estava lendo um livro que havia comprado na banca de jornal. Era um livro sobre Paulo Freire e eu li grande parte desse livro no ônibus que apanhei para chegar ao colégio. O caminho era longo, cerca de 1h para chegar até lá, mas o ônibus era somente um. Paulo Freire trata da Liberdade de várias facetas. Me impressionou um conceito de liberdade de Paulo Freire, e que está ligado com muitas coisas que têm acontecido comigo e que eu tenho descoberto aos poucos. É a minha liberdade que começa com a do outro. Não é a minha liberdade que começa quando termina a do outro. Interessante idéia de Paulo Freire. A minha liberdade existe somente se o outro também é livre e assim nos emancipamos juntos porque vivemos nos afetando mutuamente. Por ser um processo ativo de afetação, o outro não é um objeto que o uso para chegar aos meus determinados fins. Quantas pessoas vivem hoje como se fossem objetos? Muitas! Eu transformo alguém em objeto, na minha própria arrogância e/ou covardia, na tentativa de ser superior a alguém de alguma maneira. E há várias formas de se parecer superior a alguém, todas elas simplificadoras e, portanto, que objetivam as pessoas, pela quantidade de dinheiro, pela cor, pelos méritos acadêmicos, etc. Minha própria covardia acaba por objetivar-me e assim deixo-me ser manipulado por quem quer que seja. Minha covardia se resume ao fato de que, em situações extremamente negativas, as minhas emoções levam-me a tomar uma atitude de simples aceitação. Nessa aceitação, concordo com tudo que é dito. A única coisa por trás desse jogo é a simples vontade de ser aceito, de não ser contrariado por uma pessoa ou por um grupo de pessoas. Ao mesmo tempo, torno-me mórbido, um criado mudo, um objeto ou o popular elefante branco. Torno-me um objeto porque não expresso as minhas opiniões. Nem concordo e nem discordo de ninguém. Obviamente, um objeto que não tem utilidade nenhuma é logo descartado ou empurrado para debaixo da cama. Contraditoriamente, o efeito que eu não buscava é logo aquele que eu recebo ao me objetivar. A solução, portanto, é simples: Nunca se fechar para o outro. O que geralmente é o que eu tenho feito. É preciso ser receptivo ao outro; e, ao mesmo tempo, não expressar a arrogância que torna o outro objeto é algo importante a ser feito. É esse o caminho para que as relações se tornem de pessoa para pessoa e não de pessoa para objeto. As conseqüências de não levar em conta isso não horríveis e todas prejudicam o desenvolvimento interpessoal e emocional que leva a uma construção de imagem negativa de si mesmo.

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